O estranho contrato de terceirização no Detran
A
deputada estadual Andrea Murad (PMDB), o deputado Adriano Sarney (PMDB)
e o deputado Edilázio Júnior (PV) denunciaram hoje (13), na Assembleia
Legislativa, suposta ilegalidade na contratação de empresa fornecedora
de mão de obra terceirizada pelo Detran/MA, através de dispensa de
licitação.
O contrato soma R$ 4,8
milhões e apresenta a BR Construções e Comércio como a beneficiada, mas
foi contestado até mesmo pela Comissão Central de Licitações (CCL), por
uma série de falhas e ilegalidades que motivaram uma Ação Popular de
autoria da peemedebista.
“Para começo
de conversa, não houve um ofício para que as empresas, mesmo que por
dispensa, apresentassem suas propostas. De repente, surge a da BR
Construções, acho que ela tinha uma bola de cristal, adivinhou que o
Detran estava precisando desses serviços e decidiu fazer um orçamento.
Logo depois dela veio outra empresa e mais uma”, destacou.
Andrea
Murad relatou, ainda, que a vencedora do certame não tinha como objeto a
oferta dos serviços pretendidos pelo órgão. Para atender à demanda, a
BR Construções teve que mudar sua razão social.
“A
BR nem tinha na sua razão social o objeto para a prestação de serviços
que estava oferecendo. Ela mudou a razão social no dia 12 de janeiro e,
no dia 16, ela apresentou a proposta e só no dia 20 ela recebeu o novo
CNPJ com suas novas atribuições”, disse.
A
contratada também apresentou atestados de capacidade técnica,
fornecidos por outras empresas e até pela Prefeitura de Fernando
Falcão, garantindo que BR Construções tinha condições de prestar os
serviços contratados.
Ocorre que
todos os atestados são anteriores à data em que, oficialmente, a BR
Construções começou a prestar serviços de fornecimento de mão de obra
terceirizada, o que também foi questionado pela CCL.
“Essa
empresa que foi contratada agora pelo Detran. A alteração do objeto,
para que se pudesse ter o serviço de locação de mão de obra, ocorreu no
dia 12 de janeiro. Mas para que pudesse ser contratada pelo Detran, ela
precisava de atestados técnicos de outros órgãos, outras empresas que já
tivessem contratado a BR Construções. Ela mudou o objeto social no dia
12 de janeiro. Pois bem, o atestado que foi juntado no processo para que
pudesse ser contratada é do dia 5 de janeiro, da Prefeitura de Fernando
Falcão. Eu lhe pergunto: como ela podia prestar um serviço, se nem
sequer tinha habilitação?”, questionou o deputado Edilázio Júnior.
Ele acrescentou que outro atestado apresenta a mesma incongruência.
“Da
mesma forma ocorreu com a Construtora Cardoso, que emite o atestado de
capacidade técnica, afirmado pela BR Construções: ‘Realizou de forma
eficiente os serviços de terceirização de mão de obra, no período de 4
meses . De 01/09/2014 a 31/12/2014′. Eu pergunto: como que essa BR
Construções pôde ter realizado serviço de 01/09/2014 a 31/12/2014, se só
em 12 de Janeiro de 2015 ela muda o contrato social? Aí, eu queria que
alguém do próprio Detran, ou da empresa conseguisse me convencer que não
houve direcionamento, que não houve favorecimento a essa empresa”,
completou.
Corrupção
Para o deputado Adriano Sarney (PV) o caso trata-se de “corrupção” e precisa ser investigado.
“Este
caso do Detran que precisa ser investigado. Se isto não é corrupção, eu
não sei o que isto é. Um processo montado para uma empresa em que há
uma construtora e que presta serviços para o Detran do Maranhão. Se isso
não é corrupção, acho que o conceito de corrupção extrapolou o senso
comum do que é e do que são essas ilegalidades que aqui estão sendo
praticadas no governo do Maranhão”, declarou.
Os
tópicos relatados pela bancada de oposição estão todos presentes no
próprio parecer jurídico da CCL, datado de 5 de fevereiro, que também
manifesta ao Detran “a viabilidade da contratação por via direta desde
que sejam sanadas as inconsistências”.
“Isso
é a própria Comissão de Licitação do governo quem diz. Um contrato
vergonhoso do Detran. A pergunta é: por que será que o Detran atropelou a
Comissão de Licitação?”, concluiu Andrea Murad.
Outro lado
Veja abaixo nota oficial do Detran sobre o caso.
O
Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA) informa o
contrato com a BR Construções e Serviços Ltda foi firmado em
substituição aos contratos para terceirização de mão de obra do
Detran-MA com as empresas IADESB, Diplomata, VTI e MS Informática, e
contratação de novos funcionários para os setores de informática e
comunicação. O contrato emergencial atende ao acordo feito entre o
Governo do Estado e o Ministério do Trabalho do Maranhão (MPT-MA).
No
primeiro mês de contrato, a BR Construções e Serviços Ltda incorporou
para o seu quadro de funcionários, os terceirizados da IADESB e novos
contratados, num total de 269 trabalhadores. Por esta razão, o valor
previsto para o contrato de R$ 1,6 milhão não foi atingido.
Só
na primeira semana de abril, os funcionários aproveitados das
terceirizadas Diplomata, VTI e MS Informática foram contratados pela
nova terceirizada. A contratação tem sido feita de forma gradativa, face
muitos trabalhadores ainda cumprirem aviso prévio em suas empresas de
origem.
O Detran-MA explica,
ainda, que a tendência é diminuir a quantidade de contratados e o valor
total do contrato para a terceirização dos serviços. O departamento tem
como obrigação substituir até 2017 toda a mão de obra terceirizada na
área-fim do Detran-MA por servidores aprovados em concurso público. A
determinação é resultado do acordo feito junto ao Ministério Público do
Trabalho no Maranhão, homologado em janeiro deste ano.
Dos
cerca de 1.300 funcionários do Detran-MA, metade era terceirizada. A
situação gerou uma multa ao Estado de quase R$ 1,2 bilhão, resultante de
uma ação civil do MPT-MA. A atual gestão do Detran-MA e a Procuradoria
Geral do Estado conseguiram negociar a dívida. Para livrar o Estado
dessa multa bilionária, o Detran-MA se comprometeu em substituir a mão
de obra terceirizada por concursados, de forma gradativa, um terço a
cada ano, até 2017.
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